quarta-feira, outubro 24, 2007

Adriano

BALADA DA ESPERANÇA

Em rosa clara te vi
rosa morta te deixei
em rosa clara
algum dia te verei

Na lua vinda te fiz
lua finda te entreguei
eras ela o que seria
saberei

Ai amor amores
tenho eu mai, de um cento
bonecas primores
cabeça de vento

Cabeça de vento
não as quero eu não
ai amor amores
do meu coração

Em noite larga te ardi
madrugada te apaguei
num retorno que te viva
te amarei

Em rosa clara te vi
rosa morta te deixei
em rosa clara
algum dia te verei

Ai amor amores
tenho eu mais de um cento
bonecas primores
cabeças de vento

Cabeças de vento
não as quero eu não
ai amor amores
do meu coração

Música e letra de José Afonso
Cantado por Adriano Correia de Oliveira





CHARAMBA

Esta é a vez primeira, a vez primeira

Que neste auditório canto,

Em nome de Deus começo, de Deus começo,

Padre, Filho, Espir'to Santo

Senhora dona de casa, dona de casa,
Folha de malva cheirosa,
Dai-me licença qu'eu cante, ai qu'eu cante,
Na vossa sala formosa

Boa noite, meus senhores, minhas senhoras, lindas flores
Que aqui estais neste salão,
Eu p'ra todos vou cantar e a todos quero saudar,
Do fundo do coração.

Eu vesti um vestido novo, vestido novo,
Para vir aqui cantar,
A charamba está no baile, ai eslá no baile,
É o meu bem e o meu par.

À vista trago quem amo, ai a quem amo,
Bem vejo quem 'stou querendo,
Defronte está quem adoro, ai quem adoro,
Quero bem a quem s'tou vendo

A auséncia tem uma filha, tem uma filha
Que se chama saudade,
Eu sustento mãe e filha, ai mãe e filha,
Bem contra a minha vontade.

Em te vendo, vejo a Deus, ai vejo a Deus,
Não sei se perco, se não,
Trago a Deus dentro do peito, ai no meu peito,
E a ti no meu coração.

Música popular dos Açores
cantada por Adriano Correia de Oliveira

1 comentário:

Anónimo disse...

Adriano Correia de Oliveira (Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982), foi um dos mais importantes intérpretes do fado de Coimbra. Fez parte da geração de compositores e cantores de cariz político, que foram usadas para lutar contra o Estado Novo e que ficou conhecida como música de intervenção.
Em 1963 saiu o primeiro disco de vinil "Fados de Coimbra" que continha Trova do vento que passa, essa balada fundamental da sua carreira, com poema de Manuel Alegre, em consequência da sua resistência ao regime Salazarista, e que as suas movimentações levaram a gravar, foi o hino do movimento estudantil.
Em 1982, com quarenta anos, num sábado, dia 16 de Outubro, morreu em Avintes, nos braços da mãe, vitimado por uma hemorragia esofágica.
(da Wikipédia)