sexta-feira, outubro 12, 2007

escrito

sobre a calçada humedecida coloquei um ramo
de camélias
despejei um frasco de saintlaurent à minha porta
enfeitei a relva com gorgeios de pássaros cor-de-rosa

nas janelas coloquei as velas que não me deste
despejei a neve carbónica no abeto ao fundo do quintal
acendi lâmpadas no corrimão da escada exterior
espalhei sobre os sofás coroas de núbeis flores

disfarcei o alçapão onde deverias mergulhar
com veludos cetins e jasmins gigantescos
e renitentes

pus uma peruca de cabelos de anjo
para iludir a tua perspicácia
um colar de espelhos para te confundir
uns sapatos de gata borralheira
para mos roubares e depois me procurares
pelas estradas sobre as copas dos bosques

mas tu não vieste

mfs

2 comentários:

Anónimo disse...

Também eu
tenho estado à espera
toda a minha vida
e ainda não vieste...

Graça Pires disse...

A espera. Todos os arfícios da espera. Os desencontros são assim.
Um beijo.