sexta-feira, outubro 12, 2007

escrito

escrevo para esquecer o que não escrevo

não deixo que a memória me submerja
nos seus socalcos deslizantes

escrevo em tintas sem cor sem espessura
por sendas desfeitas nos montes arborizados
onde cada vegetal respira as minhas miragens

desenho para ser eu numa prancha de BD

pinto para desvendar o escondido nas fráguas
dos mundos desnudados em cada milénio

leio

leio os infindáveis poemas malditos dos poetas
por nascer nas concavidades marítimas
das baías rangentes e inóspitas
tritões mascarados nas venezas submersas

retiro de mim o sangue do pensamento incompleto
com ele esboço uma vida ainda inédita
no painel imenso do tempo por haver

mfs

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