sábado, fevereiro 28, 2009

grafismo

Corriam
Corriam sim
Pés descalços sobre vidros
Algumas espirais
No lugar das mãos a descoberto
Os olhos
Mortiços como deuses abandonados

Sangravam sangravam
As papoilas sob os pés
Sobre vidros
Em espiral

nuvens

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

colagem

 


como um morcego a imagem fita-nos do fundo da montra
apetece-me bocejar

entretanto já nada condiz com os jardins de semiramis
nem os ocasos se reponsabilizam pelas doses de adrenalina que se escoa das artérias cheias de vermelho
vermelho incandescente com sabor a ferro
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com sebastião


o único barulho por instantes é do velho computador
o portátil avariou-se
calma fantástica que me tira a vontade de sair...

no monitor aparece o mordomo a anunciar que tenho um novo e-mail

bem
louça para a máquina que as minhas mãos não aguentam nem detergentes nem luvas

com sebastião
antes de sair


Um anjo erra
nos teus olhos diurnos

humedecido do véu
(ao fundo, a íris entardece)
seguiu de cor a revoada das pombas

místico
um arroubo ascende a prumo
do plano em que me fitas

cisnes desaguam
do teu olhar em fio
e vogam ao redor, pelo estuário da sala

ao sol-poente
os vitrais das janelas
ardem na catedral assim erguida

colocamos um sonho
em cada nicho

e no círculo formado pelas nossas bocas
subentende-se com verve
a língua.

Sebastião Alba

SOL


estes dias de sol não excessivamente quentes dão mais energia a este corpo/espírito algo desfalcados

ontem ensaiei outra técnica de gravura

ainda não terminei mas estou relativamente contente

coloquei fotografias minhas nas paredes

estou de novo a ficar com a casa no estilo ... não sei como qualificar

mas não é seguramente o estilo queque

ando para ir ao cabeleireiro mas arranjo sempre desculpas para não ir

se calhar vou dar umas tesouradas e pronto

escritos vadios...não há


num blog de referência como é costume dizer-se um dos autores coloca a foto da origem do mundo de Courbet a propósito da polémica lá para as bandas de braga
no post seguinte o outro autor coloca um desenho de jean cocteau de uma figura masculina com um pénis do tamanho da torre eiffel
deve ser uma espécie de competição

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

crianças

as meninas e os meninos sairam à rua

yeats

no filme diz o actor para a actriz

só deus te ama como tu és
e não pelos teus cabelos loiros

e rematou
yeats

lindo
lindíssimo
belíssimo

ninguém nos ama como somos
mas como desejariam que fôssemos

ninguém nos vê
imaginam-nos

escrevinhamento

Nesse intante de vulnerabilidade
o cosmos interveio
Uma rouquidão invadiu o peito da ave estonteada
Voaram pterodáctilos sobre as ravinas
A criança correu pelos bosques
A lua na mão esquerda

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

escrito voador

Visto-me de infra-vermelhos
Para ninguém ver
As cicatrizes
AS REDUNDÂNCIAS
Das minHAs saias de açafrão
O maquinismo dos meus
cotovelos cromados

os remendos loiros
nas pontas das unhas
dos pés desgastados
pelo sucessivo
uso
de todos estes anos
em consonância
com as escadas para o céu
de joão feijão
e as minúsculas criaturas
de gulliver

os meus tornozelos
zelam pelo meu
equilíbrio
quando mudo de roupas
para o lados dos
ultra-violetas
e salto para a ilha voadora de swift

há no arco-íris da minha janela
uma asa de abelha
algumas socas de madeira
de varinas fora de tempo
GRITINHOS DE crocodilos-bébés
Retalhos de csi de todos
Os canais de entretenimento
Pelo susto
O horror
A figuração da treva
Nas costas nas entranhas
Nos cérebros
Da besta

Há uma seta que desfaz
As cores alinhadas
As combina
As faz condizer
Com o cenário previsto

mfs

sábado, fevereiro 14, 2009

transformações






Pus-me a brincar com http://morph.cs.st-andrews.ac.uk//transformer/ e deu isto
as imagens de que parti não eram boas por isso não resultou grande coisa

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

terça-feira, fevereiro 10, 2009

computador

isto de passar horas ao computador está a afectar o meu braço direito
o ombro estala e dói
não posso fazer certos movimentos

fico tempos intermináveis debaixo do duche bem quente
sinto-me menos dorida

o malandro acena-me e lá vou ler blogs
notícias
fazer buscas
jogar mahjong

ai o meu braço

hoje

hoje deu-me para começar a limpeza do sótão no lado mais baixo
separado do resto por paredes de madeira
além das caixas de cartão e malas
que vieram com a minha mudança
há coisas ainda da minha filha
roupas
documentos
revistas

e pó
muito pó
carradas dele
um saco com areia que se calhar foi cá deixado pelo homem das obras
um escadote
etc

vim de lá cinzenta de poeira
quando saí fechei a porta sem reparar que a gata andava a cheretar feliz da vida
ficou lá umas horas

sábado, fevereiro 07, 2009

horatio

horatio vira a anca para a direita
para a esquerda
põe a mão na anca

horatio põe os óculos escuros
tira os óculos escuros

horatio olha o criminoso
a criancinha infeliz
horatio é bom rapaz

horatio tem boa pontaria

ai de quem o desafiar

irá até ao fim do mundo

ou ao brasil

para fazer a sua justiça



sexta-feira, fevereiro 06, 2009

homem mulher homem mulher

a principal diferença entre homem e mulher é que
por enquanto são as mulheres que transportam no ventre os filhos
os homens não imaginam o que isso é
trazer na barriga um ser que a partir de certa altura desata aos pontapés
a alegria
medo
êxtase
os homens não sabem o que é isso
a dor
eles nem sonham

talvez alguém se lembre de inventar um daqueles simuladores
para que os homens experimentem
o lado físico da maternidade
mas o lado emotivo
todas as sensações indefiníveis que isso acarreta
o amor incondicional daí resultante
e como tal único

isso eles não podem saber

excepto se algum cientista desejoso do conhecimento
ligado à maternidade
conseguir criar uma maneira de introduzir no ventre dos homens
os ingredientes necessários à incubação de um bébé
e um caminho para a sua saída para a luz

pela manhã



encho-me de nuvens pela manhã
antes que elas desabem sobre os telhados
chaminés decrépitas
pombos
jardins suspensos

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

escrito entristecido

as mulheres que se deitam à noite
nos quartos levemente amarelecidos do fumo
dos cigarros
daqueles homens que as
frequentam
lhes exigem excitações inéditas
lhes gritam
lhes choram nos colos
e soluçam
desamparados
lhes atiram alguns euros
sobre os lençois encardidos
das camas murchas

as mulheres de todos os homens e mais
um
e menos um
que nem sonhos têm
pois morrem todos os dias
e noites
nas gélidas camas

essas mulheres são como sombras
translúcidas

não se recortam em nenhum
horizonte
em paisagem alguma

não desenham corações
nas janelas embaciadas
quando há inverno
não esperam os fulgores
dos ocasos
nos verões intermináveis

e só cheiram as flores dos
anúncios televisivos
dos outdoors convidativos
das revistas cor de rosa que
às vezes espreitam
nos quiosques superlotados
entre notícias
artes banais
economias em desastres
revistas informáticas
vídeos mais baratos
armadilhas de mexericos
de rídiculas damas botoxadas
nas maçãs
dos rostos anciãos


as mulheres das noites paralelas
dos dias de sonos agitados
com filhos na berma das cidades
pais velhos em aldeias
quase extintas
elas também
permanentemente
extintas
corpos de almas esvoaçantes
buscam não sabem o quê
porque já nada sabem
excepto que lhes é proibido
ser mulheres

mfs

manipulações fotográficas

 
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segunda-feira, fevereiro 02, 2009

mais vale rir



comecei a falar de política
mas acabou
não quero ficar doente