era do interior que lhe vinha aquela reclamação rouca
aquele suspiro arrasador das almas sensíveis
paralizava-se-lhe o pensamento claro
e os turbilhões vindos do inesperado
toldavam-lhe o futuro
procurava uma causa uma explicação para as angústias súbitas
os medos comezinhos que lhe esfriavam as mãos humedecidas
procurava
desenvolvia o pensamento positivo que o abandonava
constantemente
atraido pela fatalidade teatral dos não te rales
o peso dos estorninhas na meiguice do seu olhar
velava de negro betuminoso as cortinas franjadas
das janelas em guilhotina
as madeiras do soalho reflectiam a paisagem da sua mente
o grito continuava sonoramente encaminhado
para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente
m.f.s.
luís miguel nava / essas manhãs
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Essas manhãs, as mais profundas e por que eu caminho para as ondas, manhãs
como um poço, no perfil das águas ouço-as eclodindo o leite a avolumar-se
p...
Há 14 horas
1 comentário:
Escolhi:
"para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente"
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