segunda-feira, março 19, 2007

estorninhos

era do interior que lhe vinha aquela reclamação rouca
aquele suspiro arrasador das almas sensíveis

paralizava-se-lhe o pensamento claro
e os turbilhões vindos do inesperado
toldavam-lhe o futuro

procurava uma causa uma explicação para as angústias súbitas
os medos comezinhos que lhe esfriavam as mãos humedecidas
procurava

desenvolvia o pensamento positivo que o abandonava
constantemente
atraido pela fatalidade teatral dos não te rales

o peso dos estorninhas na meiguice do seu olhar
velava de negro betuminoso as cortinas franjadas
das janelas em guilhotina

as madeiras do soalho reflectiam a paisagem da sua mente

o grito continuava sonoramente encaminhado
para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente

m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

Escolhi:

"para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente"