era do interior que lhe vinha aquela reclamação rouca
aquele suspiro arrasador das almas sensíveis
paralizava-se-lhe o pensamento claro
e os turbilhões vindos do inesperado
toldavam-lhe o futuro
procurava uma causa uma explicação para as angústias súbitas
os medos comezinhos que lhe esfriavam as mãos humedecidas
procurava
desenvolvia o pensamento positivo que o abandonava
constantemente
atraido pela fatalidade teatral dos não te rales
o peso dos estorninhas na meiguice do seu olhar
velava de negro betuminoso as cortinas franjadas
das janelas em guilhotina
as madeiras do soalho reflectiam a paisagem da sua mente
o grito continuava sonoramente encaminhado
para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente
m.f.s.
emanuel jorge botelho / claro/escuro
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faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
1 comentário:
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"para o mais leve pulsar das flores de papel
em fogo consumidas
fatalmente"
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