sexta-feira, março 16, 2007

olhos

na lentidão da brancura dos olhos vedados
ao fluir das folhas tombantes nos
outonos lunares
ao movimento das águas lacustres à
volta dos rochedos
ao gesto apocalíptico da
aranha assassina
da
louva-a-deus canibal
da formiga colectora
de todos os providos de
asas

nessa lentidão escorre o traço da
inevitabilidade
sempre-eterna
pressente-se o rugir das entranhas sísmicas
dos destinos incrustrados
no grande painel do tempo

vagueia-se ao som das linhas ondulantes
apontam-se os dedos hirtos às conjunturas
arrancam-se as peles virginais

abrem-se os olhos brancos

m.f.s.

3 comentários:

Anónimo disse...

Escolhi:

"...nessa lentidão escorre o traço da
inevitabilidade..."

É assim a Vida!

gs disse...

já cá não vinha há muito. está bonita a página e tu continuas a escrever (palavras e imagens) divinalmente.
abraço

fernanda disse...

Obrigada Gil.
És muito gentil em dizer isso,
Os teus poemas é que são lindíssimos e escolhes belas imagens, muito depuradas.
Um abraço.