sábado, março 10, 2007

sibilas

as colchas eram de seda
em tempos idos
os noivos deleitavam-se na
brancura macia
supunham
que era para sempre

os mortais sonham com o
para sempre
enquanto se vão
enterrando em
cemitérios floridos
baptizando em frias pias
baptismais
casando de rendas
tules
sedas
tuxedos

os mortais

olham-se na transparência dos
olhos
vêem mundos irisados
tapam os cenários lúgubres
iludem-se

iludem-se
porque se vale a pena viver
é pela ilusão

é pelos meandros da
nossa pele que passa
a macieza das colchas
em seda

as películas opacas
que escondem as noites
escuras
têm duas faces
qual delas a mais
ilusória

qual delas a mais
sedutora
a mais volátil
a mais irresistível

serpentes encantatórias
no colo das sibilas

m.f.s.

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