terça-feira, março 20, 2007

dobras do tempo

na poalha das nuvens
que se
desfazem
habita
o senhor das
tempestades
o eolo
furibundo
cego de nascença
bojudo coração de
deus
abandonado
aí correm as brisas matinais
escutam-se as súplicas
dentro de nós
os balanços
das caravelas
holandesas
a história por narrar
dos heróis mudos
todos os choros
que se sedimentam
nas páginas
extremas
das crónicas
rasgadas

aí desaparecem
todos os amantes
presos às cordas do
tempo
empalidecem todas as
julietas
as ofélias
cobrem-se de
flores aquáticas
hamlet
enlouquece
brandamente
nas brumas da
sua mente
os fantasmas
amarguram as
palavras
vestem-se de
músicas
lentas

as horas enfeitam-se de
coroas cintilantes
os belos efebos
fogem alegremente
dos faunos
risonhos
há centauros em
cavalgadas
ninfas vestidas de
longos cabelos
arrancam
as esmeraldas
presas nas dobras do
tempo

m.f.s.

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