os homens que caminham sobre a neve
e cujas sombras se dobram no horizonte
derretem no peito o gelo das mãos dormentes
bebem a água das encruzilhadas
tapam os olhos com as estrelas que restam
nas fogueiras extintas
os homens erguem os braços como árvores
decepadas
os homens murmuram pensamentos
como relâmpagos
os homens fazem por esquecer os verões
férteis
o pó amarelo dos pinheiros em flor
as unhas carminadas das amantes
as águas que se despenham nos malmequeres
ressequidos
traçam pistas fundas nas brancuras infernais
sob os seus pés desesperados
caem sobre os lençois de frios
adormecem em sonhos violeta
a alma em negro de ébano
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 21 horas
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