o cheiro dos cometas em fragosas correrias
entre a população de estrelas que expiram
renascem
como doces donzelas
que se espreguiçam em campos de
alcachofras
saltam fogueiras de gelos árticos
que se abandonam nas curvas dos
caminhos sob os precipícios etíopes
o cheiro
perturba a tranquilidade dos estorninhos
aquietados e inocentes
cria luminosos vestígios
cavalga os meteoros rasantes
espalha sensações inéditas
no mais fundo dos corações navegantes
o cheiro anuncia o aroma das salvações musicais
a sinfonia dos dodecafónicos
escutemos o ruido dos olhos semicerrados
a felicidade dos cantos vazios de luzes
sejamos
livres de nós
libertemo-nos da ternura
das cinzas das pequenas flores
agonizantes
profanemos os tronos de osíris
as águas eternas
agarremos a hora das ceifas
o louro das campânulas selenitas
sejamos deuses televisivos
subamos em espirais de carros voadores
abramos asas de anjos sem limites
fronteirços
bendigamos os assassinos de vácuos
os habitantes dos intervalos
preenchamos as frestas
das bocas vagas
ausentemo-nos das bodas aéreas
escolhamos os fetos jurássicos
como amantes reverdescentes
deixemo-nos perder entre as
plantas aquáticas
em remoinhos de salvação
sorriamos sorriamos
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 20 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário