quinta-feira, março 15, 2007

abrirei

abrirei o mundo de alto abaixo com um rasgão de fiapos vermelhos
para ver de que é feito
escrutinarei os meandros interiores deste destino volúvel
deste cubículo translúcido
secarei as suas secreções com a verónica cristã
sepultá-lo-ei num dos sudários restantes dos
rituais musicados das eternas liturgias em leitos de croniquetas
espancarei o ar com bengalas de marfim feitas do último dente
do último mastodonte
rirei
ah como rirei
quando as curvas das estradas de macadame se esticarem
e os incautos se deixarem levar pelas miragens de pacotilha
nas estepes vertiginosas
quando tudo se calar
e as estrelas rebolarem como van gogh as pintou
e os cataclismos forem brincadeiras de deuses aborrecidos
e a inércia se apoderar das almas em decadência

m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

Escolhi:

"...ah como rirei
quando...
...
quando..."