Vou ver-te velada por uma névoa de saliva
em maio, na babugem, reconheço-te o halo,
as pernas turvas no aterro de cinza que assinala
um lábio fito, a baba que não cura,
ínsuas maceradas de pele gasta
O novelo dos veleiros que apanhavas à saída
tecendo também o molhe, as velas pandas passando ao largo
de uma praia de paredes apertadas, tábua solta
que batia no coalho, o coração
Invadiram-te, na tarde tão fria, os telhados de vidro,
a última chama fosca ateia a baba
por um sol submerso,
permite que eu corte a corda
à vela recolhida sobre os rombos
Luís Manuel Gaspar
Aguaçais
Pandora
Averno | 004
emanuel jorge botelho / claro/escuro
-
faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário