já as alegrias se retiravam do cenário da minha vida
os consolos rogavam aos deuses o fim das hipóteses
caminhos devanesciam-se na paisagem tornada uma página vazia
o branco opaco rodeava-me num abraço sem fim e sem substância
escolheria seguir por vias mais habitadas por rotas marítimas
desejaria sentir as vibrações dos sinos figurados nos templos
as enormes pinceladas dos pintores gestualistas sobre os muros
quereria rumar aos horizontes invisíveis no desenho ancestral
lançaria nos campos lavrados as sementes dos trigos celestiais
esperaria o maná purificador de todas as tormentas não expostas
agarraria o voador insecto na sua trajectória de ser prodigioso
criaria sobre as minhas frágeis costas as asas translúcidas das libélulas
que me transportariam pelos infinitos jamais sonhados dos sonhos incompletos
seria o projecto da minha mente tantas vezes esboçado nunca realizado
m.f.s.
josé afonso / que amor não me engana
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Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noit...
Há 9 horas
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