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Porque se trata de uma mulher com um universo
devastado, trazida pelo anjo, com os seios agrafados
numa pintura. De uma terra longínqua, onde a lua
desce contra o chão e os barcos sobem pela espuma
engolindo as ondas. O cavaleiro salta para uma nora,
tem um corte de tesoura na testa e pela primeira
vez fala de uma paixão que habita no interior da sua
sombra. A mulher acorda no outro lado das sebes,
na claridade. Nesse atalho, por onde passa o sangue,
vê reflectidos os magníficos ganchos das suas mãos. Um cesto
deitado sobre uma placa de mármore e uma esteira
enfeitada de lírios brancos, tudo no espaço de um
espelho atravessado pelo corpo do jovem amante,
enquanto o cavaleiro se perde na mata, mortificado
pelas pedras quentes de uma bruxa.
Jaime Rocha
ZONA DE CAÇA
Relógio d´Água
domingos da mota / soneto da pouquidão
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São poucos os que lutam contra o medo
sem medo de perder seja o que for,
que ousam libertar-se do enredo
desse modo maligno de temor
que sofreia a cor...
Há 20 horas





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