a voz sussurrante
é apenas um pressentimento
uma imagem fragilmente sonora
um gesto invisível
a sombra transparente
uma ondulação num calmo
lago
a voz
murmurante como um pássaro
distraido
tem asas de tule incolor
qualquer coisa que
se assemelha
ao lampejar longínquo
de um sorriso divino
a macieza do creme anti-rugas
a pluma
o mágico algodão
de limpeza do rosto
a imagem no espelho
embaciado
o perfume da pasta de dentes
na monotonia das manhãs
a voz que
quase se extingue
na sonoridade dos surdos
roça em ténue maravilha
os sonhos das libélulas
põe-lhes nácares nos olhos
veludos nas patas
irisa as mãos das sereias
acalma o esbracejar
do tritão em cio
faz das cúpulas
das catedrais
o habitat das músicas
por inventar
segue caminhos incompletos
espera o despertar
das vozes escondidas
desvela-se na criação
de ilusões
infantis
desenha nos papiros
as histórias
secretas dos goliardos
em romagens
pelas tabernas medievais
lava os olhos
com colírio perfumado
põe paisagens verdes nos
cenários evanescentes
m.f.s
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 19 horas
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