esta carta tem prazo de validade
se não a leres rapidamente
nunca saberás as promessas nela contidas
perderás as visões psicadélicas que nenhum
cogumelo consegue produzir
não conhecerás o futuro dos teus sonhos
nem as festas olímpicas dos filhos dos deuses
serás o renegado dos fados enegrecidos
jamais passearás sobre as águas dos mares
interiores
as tuas sandálias secar-se-ão como
a pele dos velhos
o cobre dos teus olhos oxidar-se-á
na tristeza do não saber
cairão os teus cabelos que eram de ouro
os teus dedos ficarão hirtos
como as estátuas dos maus escultores
um manto gélido de verdes dores
cobrirá o que restar da tua alma
perdeste demasiado tempo
a carta esfumou-se meu amigo
como o tremeluzir das miragens
do deserto
m.f.s.
emanuel jorge botelho / claro/escuro
-
faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário