incólume estou
da saída dos touros fulvos
da morte dos arrozais
das pegadas das avestruzes
estou inocente das cores da
luz fluorescente
do choramingar dos gatos
recém-nascidos
não pertenço aos gangs
das janelas trancadas
não uso dragões a
tiracolo
os meus cabelos
brilham na aurora
gelada
dos invernos
sem luz
o meu rosto
ergue-se quando a
brisa do bater de asas
das longas cegonhas
perpassa perto de mim
e os meus olhos reconhecem
a música da ordem
celestial
nos desejos
dos vagabundos
as minhas mãos marcam a
vermelho as
costas dos
invisíveis passeantes
das vielas entornadas
nas colinas das
cidades envelhecidas
os pés que suportam este
corpo seguem
compassadamente
o trote dos cavalos
apocalípticos
ganham asas
e acompanham pégaso
nas trilhas aéreas
nos bosques escondidos
pelas fadas antigas
conduzo o unicórnio
de olhos dourados
com o meu canivete suiço
extraio-lhe o jovem coração
coloco-o no meu ventrículo
esquerdo
adormeço sob as
nuvens escurecidas
das trovoadas
iminentes
m.f.s.
emanuel jorge botelho / claro/escuro
-
faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
2 comentários:
Belo como sempre!
:)
Isabel
Obrigada, Isabel. Gentil, como sempre... :)
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