domingo, maio 27, 2007

deuses

quando os fados roçam os meus cabelos
a neve desce sobre mim
o inverno mostra o seu rosto azul
tenho frio

muito frio

se as folhas das árvores em mutação
fazem o quente leito nas florestas
de outono

as minhas vestes aquecem o corpo
durmo sobre o fogo
o ouro
as doces magias
da cor

mas que me importa tudo isto
beleza sem beleza
tempo ininterrupto
vagas invasoras do mundo finito
areias voadoras
sobre os rostos amadurecidos
dos habitantes
dos desertos

de que serve mudar se nada muda

para quê os véus de freira
as golas dos sacerdotes
todos eles manchados
todos eles como vendas

para quê as tintas que camuflam o tempo
as agulhas que enchem os vazios periclitantes

os olhos que se degradam e se enchem de vermelho

porquê os ossos que se fragilizam
as peles que se desfazem sobre a carne
envelhecida

se somos deuses
que deuses seremos

imperecíveis no nosso corpo
cinzas das fogueiras de verão

deuses sem deus

m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

quando os fados roçam os meus cabelos
a neve desce sobre mim
o inverno mostra o seu rosto azul
tenho frio
...........
...........
durmo sobre o fogo
o ouro
as doces magias
da cor