quando os fados roçam os meus cabelos
a neve desce sobre mim
o inverno mostra o seu rosto azul
tenho frio
muito frio
se as folhas das árvores em mutação
fazem o quente leito nas florestas
de outono
as minhas vestes aquecem o corpo
durmo sobre o fogo
o ouro
as doces magias
da cor
mas que me importa tudo isto
beleza sem beleza
tempo ininterrupto
vagas invasoras do mundo finito
areias voadoras
sobre os rostos amadurecidos
dos habitantes
dos desertos
de que serve mudar se nada muda
para quê os véus de freira
as golas dos sacerdotes
todos eles manchados
todos eles como vendas
para quê as tintas que camuflam o tempo
as agulhas que enchem os vazios periclitantes
os olhos que se degradam e se enchem de vermelho
porquê os ossos que se fragilizam
as peles que se desfazem sobre a carne
envelhecida
se somos deuses
que deuses seremos
imperecíveis no nosso corpo
cinzas das fogueiras de verão
deuses sem deus
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 19 horas
1 comentário:
quando os fados roçam os meus cabelos
a neve desce sobre mim
o inverno mostra o seu rosto azul
tenho frio
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durmo sobre o fogo
o ouro
as doces magias
da cor
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