ainda estou no meu tugúrio de vento no quintaleco
só devo regressar ao algarve em princípios de junho se tudo correr bem
entretanto vou pintando e alinhando palavras
não tenho feito passeios matinais e isso faz-me falta
aqui deixo o que escrevi há minutos
eram silenciosas as filhas escravas
as filhas que se despenhavam todas as noites
morriam devagar em leitos de águas calmas
de amores morriam
de desespero
de solidão nos seus corações
de génios incompreendidos
na fatalidade do sexo que lhes coube
oh madrugada de sacrilégios
manhã de redenções prometidas
nas aldeias abandonadas dos países vazios
oh ofélias oh virgínias
oh almas em transes permanentes
olhos repletos de visões infernais
oh mulheres malfadadas objectos utilitários
mulheres de almas enfraquecidas pela sujeição
fixai-vos no teatro das andorinhas casamenteiras
beijai os filhos que não tivestes
dizei ao homem aqui estou
como tu
meu companheiro
meu igual
meu frágil amante
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 19 horas
1 comentário:
"como tu
meu companheiro
meu igual
meu frágil amante"
Assim deveria ser sempre...
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