as portas levam às veredas
que conduzem a solaris
as águas são permanentes
como em tarkovski
nas montanhas com nuvens pousadas
os animais ainda vivos
correm sem destino
as pedras que saltam dos seus ninhos
sob os cascos assustados
esmagam os vermes desprevenidos
descem insectos zunidores
sobre o leito de ar denso
que cobre os campos
é vã a cortina que se desdobra
nas janelas impolutas
nada detem os invasores
após o almoço das crianças
as fisgas silvam gravilhas sobre os
jovens filhos de pássaro
riachos neblinas cães negros
tarkovski estende o olhar
sobre as aves que saem do
ventre da virgem da fertilidade
os morcegos fogem do filme
agarram-se às silhuetas dos emparedados
garras translúcidas de felinos corredores
abrem rasgaduras nas peles protegidas
das suas refeições perseguidas
e a água gela cria um vidro embaciado
fende-se de vez em quando
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 19 horas
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