As obras na casa ao lado enchem-me o quintal de pó amarelo
e as folhas ficam pesadas com a cobertura
parecem tristes talvez resignadas um pouco
fico revoltada
a arvorezinha demorou uns anos a ficar altaneira
e agora se calhar fica doente para sempre
a hera é mais resistente mas vão picar toda a parede onde ela
se agarra e lá lhe cortarão braços e pernas
esta era a minha árvore
já não terei tempo de ver crescer outra arvorezinha
filha já tenho
só me faltava escrever um livro
escrevo em blogues que alguns lêem poucos
sobretudo o que é da minha lavra
pronto nunca serei um homem
a tal história do livro filho e árvore era para
se ser um homem
em vez de filho tenho filha em vez de livro
tenho blogues
e sou mulher
a vida é muito injusta para as mulheres
emanuel jorge botelho / claro/escuro
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faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
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