O sonho da mulher a cores
Ao deitar-se
em lençois de cetim negro.
sonha-se de cabelo branco
em tranças despenteadas,
leve camisa de rendas de bilros,
incómoda mas de grande efeito
num leito octogonal erguendo-se
no meio de um vasto quarto
de soalho incolor envernizado.
O baldaquino com cortinas
de tules esvoaçantes,
povoadas de pássaros de vidro,
terão umas colunas em
cristal da Boémia,
gravado com galáxias
da fronteira do universo.
A mulher a cores imagina-se
docemente encostada nas almofadas
de seda transparente,
as mãos cruzadas sobre o ventre,
um terço de pérolas negras e cruz de rubi
enrolado nos dedos gélidos.
A mulher cerra os olhos de esmeralda
deixando ver a sombra lilás sobre as pálpebras.
Pela janela aberta sai voando com asas novas
de penas douradas.
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 20 horas
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