eu sou aquela rapariga morta
numa tarde de abril
de sois rebentando em sonoras luzes
de gotas transparentes em bailados de vento
sou aquela mulher assassinada pela espada
de uma dor sem fim
aquela criança de olhos baços
em silêncio atónito
sou eu
aquele homem torturado por pensar
quase sem rosto
é a minha imagem
tenho a alma à mostra como
uma asa que se desdobra antes do voo
e nela se esgotam todas as brisas
num gesto alargo a comunhão
aos que se desconhecem
aos que não sabem de ninguém
àqueles cujo amor fenece à nascença
aos invisÃveis
a todos os que não deslocam o ar
na sua passagem
não atraem o olhar dos imaginários deuses
não sabem que são irrepetÃveis
aos que ignoram a indescritÃvel beleza
que possuem
e pela qual são possuÃdos
aos que se julgam mortos
sob qualquer céu do universo
eu sou todos eles
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 20 horas
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