os poetas ambulantes constroem
as suas cabanas
à beira dos rios sem foz
perdidos nos céus sem fundo
inventam plasticidades barulhentas
entre as pálpebras
das musas singulares
como cisnes envergonhados
os poetas sabem que tudo é ilusão
que tudo é real
que tudo se sonha
impreterivelmente
como um fado de fractais
que não há reverso nem anverso
os poetas rejubilam todos os dias
entre as acácias perfumadas de amarelo
beijam as musas renitentes entre
folhas de malvasia
penteiam as longas madeixas
das fadas adormecidas entre maçãs
enquanto os príncipes libertadores
se perdem nos bosques escurecidos
de ausência lunar
os poetas escondem os sapatinhos de cristal
de todas as potenciais princesas
ainda gatas ao borralho
para depois os iluminarem
nos natais sem estrelas nem
cometas
os poetas são irónicos viajantes
em refazeres perpétuos
como a poesia cósmica
mfs
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 22 horas
2 comentários:
os poetas sabem que tudo é ilusão
que tudo é real
que tudo se sonha
Gostei. Um abraço.
Obrigada, Graça. :) Um abraço, também
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