terça-feira, novembro 27, 2007

Mário Cesariny


Poesias

Onde uma pancada súbita nos faz largar a presa
onde o extremo limite do horizonte é assinalado por uma gigantesca toalha de pedra
onde não é conveniente que entre o homem
onde a fortuna a que os mestres aludem é um licor muito forte em ânforas de prata
onde os olhos se movem precipitadamente
onde um rosto azulado estremece de olhos fechados
onde a infinita meiguice dos noivos gravou a oiro as nuvens da montanha
onde a estatura atlética dos túneis chama dragões que cantam e atacam
onde novas pazadas de carvão fazem gritar dois homens aterrados
onde uma carta e a sua maravilhosa odisseia são dirigidas pelo desconhecido
[mau grado as explosões tremendas que se sucedem
graças a um filtro milagrosamente ileso que no interior da massa líquida descobre
a imensa distensão do globo
urna rosa de espuma
um cavaleiro em mutação constante
onde salta para leste-sudoeste o vento e o céu fica brilhante e a terra desconhecida
onde o assunto principal é uma pequena barca munida de dois pares de remos
[e oculta em certo ponto do paredão que serve
[de ancoradouro aos grilos e aos fantasmas
onde, presas da agitação que precipita as catástrofes
há quatro formas brancas no horizonte
onde o assalto é a última esperança
onde novos poetas sábios físicos químicos tiram os guardanapos do pão branco
[do espaço
e onde à luz amarela da lâmpada de arco que ilumina a estatura do homem
[recém-chegado
milhares de berços de soldados-crianças são atirados do deserto para o mar.

Mário Cesariny de Vasconcelos
ÁRVORE
folhas de poesia

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