terça-feira, novembro 27, 2007

2.ª carta

aqui estou de novo para te
construir um pouco
tu que não existes


vejo-te atrás de um espesso muro
silhueta sem contornos
pronto para partir
mais uma vez
partir
para os desertos da
colossal china medieva


visto-te de mandarim
e para melhor me veres
desenho-te uns olhos em fenda
negros como o cabelo
entrançado


voas como nuvens de tempestade
vestes flutuando em vertiginosos
malabarismos


ainda não sabes de mim
ainda não sabes que me deves
o desenho
dos teus brocados
amorosamente trabalhados
para divinizar
o que em ti é demasiado
terreno

amanhã voltarei
para te construir outro perfil

talvez

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