quarta-feira, novembro 28, 2007

escrito

os poetas ambulantes constroem
as suas cabanas
à beira dos rios sem foz
perdidos nos céus sem fundo
inventam plasticidades barulhentas
entre as pálpebras
das musas singulares

como cisnes envergonhados

os poetas sabem que tudo é ilusão
que tudo é real
que tudo se sonha
impreterivelmente
como um fado de fractais

que não há reverso nem anverso

os poetas rejubilam todos os dias
entre as acácias perfumadas de amarelo
beijam as musas renitentes entre
folhas de malvasia
penteiam as longas madeixas
das fadas adormecidas entre maçãs
enquanto os príncipes libertadores
se perdem nos bosques escurecidos
de ausência lunar

os poetas escondem os sapatinhos de cristal
de todas as potenciais princesas
ainda gatas ao borralho
para depois os iluminarem
nos natais sem estrelas nem
cometas

os poetas são irónicos viajantes
em refazeres perpétuos
como a poesia cósmica

mfs

2 comentários:

Graça Pires disse...

os poetas sabem que tudo é ilusão
que tudo é real
que tudo se sonha
Gostei. Um abraço.

fernanda disse...

Obrigada, Graça. :) Um abraço, também