quarta-feira, novembro 22, 2006

Sombras

num canto desarrumado da minha mente
uma sombra se esgueira
um vento se desenrola até às janelas fechadas
as poeiras inquietam-se em pequenos remoinhos
abrem-se gavetas cheias de nadas incolores

a sombra espreita sempre
por vezes afoita-se a dançar em volutas
como uma longa
tira de escuro papel
flexível
manobrada pelos ventos
de microclimas

tentei rasgar a sombra um dia
com os punhais dos meus olhos
a sombra multiplicou-se em inúmeras
partículas
irizadas
formas coloridas encheram as gavetas
ainda abertas


m.f.s.