as laranjas cobrem-se de bolor nas fruteiras silenciadas
o pó almofada mansamente os objectos
a luz povoa-se de minúsculas partÃculas
os fantasmas repousam calmamente nos sofás
m.f.s.
corre o linho pelas minhas mãos de seda
despenham-se as pérolas pelos rostos inertes
não se sabe do fotão fugidio
que se divide e não divide
que está aqui e ali
as mãos desistem do desenho
dos espÃritos furtivos
m.f.s.
descabelados os invernos rosnam ventanias
gelam os gestos gentis das silhuetas
embranquecem os dorsos das colinas
entram nos ossos mal protegidos
m.f.s.
gosto do silêncio povoado
povoado de subtis esfumados
o silêncio que nos ouve
e nos devolve o eco de nós
subtilmente
m.f.s.
o lavar das esperanças nas águas apressadas dos rios
em majestosos filamentos ondulados
leva consigo os pormenores que encantam
os espÃritos avarentos da beleza em si escondida
m.f.s.