nas melancólicas entrelinhas das conversas inaudÃveis
cabe o universo do silêncio
nos insonoros suspiros dos heróis abandonados
sangues que secam em recipientes mortos de pavores
armazenados camada sobre camada até à última instância
lonjuras que se adivinham nos desertos imaginados
m.f.s.
há rios que nos perseguem pelas ruas pelas estradas
pelas vielas
rios insidiosos que arrastam consigo as nossas temperanças
nos deixam de coração exaurido
entre os limos das dores de viver
há rios que nos limpam os destroços das tempestades
vivenciais
que nos trilham caminhos de lama
à espera do sol do deserto
rios que nos lançam em perfumadas cataratas
junto ao mar sem sargaços
há rios como mares que inundam as terras dos nossos jardins
os sobrados das nossas casas sobranceiras às praias
de fulgentes areias
rios que não nos dão o tempo de dizer adeus
às ténues nuvens do entardecer
m.f.s.
fundou uma ilha num lago montanhoso
para finalizar o tempo da passagem
rodeou-se de nuvens
espreitou a chegada dos meteoros
e compôs uns sons a que chamou
sons
tentou descobrir o padrão da formação das ondas
junto ao pequeno cais do seu exÃlio
e concluiu que era misterioso
o padrão comportava-se como
um alienÃgena destroçado pela lonjura do lar
deixou que o olhar se fechasse nas divagações outonais
e a poalha das flores ainda inexistentes
encheu-lhe o corpo de véus perfumados
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 20 horas
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