artefactos luzidios no campo de malmequeres
transportam consigo o tigre sem dono
o magnÃfico animal que nos fita expectante
caminhando para nós vem
silencioso
m.f.s.
os que dormem devem acordar quando a mulher lavar os vidros
das gaiolas
devem os filhos lavar as mãos para tratar das aves
deve o marido lavar os recipientes da comida e da água
devem as aves permitir que tratem delas sem fugir de suas prisões
e cantar
não devem as aves agitar-se quando as gaiolas são postas na varanda
devem as crianças animar as aves tocando xilofone e harmónicas
deve a mãe recolher as gaiolas ao entardecer assegurando-se de que as aves
estão satisfeitas
devem as aves mostrar a sua gratidão por tanto desvelo
desistindo de tentar escapar-se para o mudo terrÃvel
lá fora
m.f.s.
quero naufragar à entrada do porto de abrigo
quando as ondas invadirem as estradas em tsunami enraivecido
e o meu corpo se deixar embalar na sua fatal canção
quero dar à costa no dorso de um manso tritão
vestida de algas e corais do mar vermelho
quero ter o cabelo das mortÃferas sereias de Ulisses
quero dormir numa nuvem mergulhada no mar oceano
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 20 horas
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