segunda-feira, junho 25, 2007

trovador

CANTIGA DE AMOR DE REFRÃO

Como morreu quem nunca amar
se fez pela coisa que mais amou,
e quanto dela receou
sofreu, morrendo de pesar,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Como morreu quem foi amar
quem nunca bem lhe quis fazr,
e de quem Deus lhe fez saber
que a morte havia de alcançar,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Igual ao homem que endoideceu
com a grande mágoa que sentiu,
senhora, e nunca mais dormiu,
perdeu a paz, depois morreu,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Como morreu quem amou tal
mulher que nunca lhe quis bem
e a viu levada por alguém
que a não valia nem a vale,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Pai Soares de Traveirós
Natália Correia
CANTARES DOS TROVADORES
GALEGO-PORTUGUESES
Clássicos de Bolso
Editorial Estampa
3ª edição
1998

1 comentário:

Anónimo disse...

Os trovadores dessa época tratavam sempre a sua dama com grande deferência, com neste exemplo se nota.

Entretanto, com com o passar dos tempos, as damas e os trovadores foram mudando...


"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Como escreveu o nosso Luís Vaz...