sábado, junho 09, 2007

escrito


havia um filamento de nada à roda das silhuetas
que em movimentos de ténue coreografia
expulsavam os fantasmas embriagados
limpavam de gestos aéreos a brisa das madrugadas
punham um véu de opacas melancolias
no pulsar dos motores íntimos ainda imparáveis

um louro pólen amaciava as nuvens alteradas
pelos relâmpagos enfurecidos
as mulheres sofriam de desamor nas suas
janelas abertas à tempestade
corações murchos nas mãos envelhecidas
olhos descaidos nos cantos
lacrimejantes

as mulheres pintam-se em cenários de
castelos encantados
pintam os muros de vidro com a cor das
dores escondidas
exaltam-se devagarinho

rompem em slow-motion
as teias de sedas celestiais
que lhes tolhem a vida
perdida em meandros de inutilidades

o filamento cede à revolta das silhuetas
desfaz-se em cenários de caos

para que servirá o crepúsculo - ?

m.f.s.

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