PEDRAS
Nem todas elas são de igual modo acessíveis. Algumas
resistem à menor abordagem. Cobrem-se de musgo. Ou
oferecem uma aresta cortante. Outras porém -as pedras
isoladas no alto dos montes, sempre na eminência de se
desmoronarem -são extremamente loquazes. Os seus
interlocutores preferidos são, no entanto, as bétulas e
não os homens.
Aqueles a quem ensinaram que há quem tenha uma
pedra no coração, ficarão deveras perplexos ao ouvi-
rem palpitar o coração das pedras.
Jorge de Sousa Braga
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 19 horas
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Jorge Sousa Braga nasceu em 1957, em Vila Verde, e é médico no Porto. Os seus cinco primeiros livros de poesia, publicados nos anos oitenta, encontram-se reunidos em O Poeta Nu (1991). A nota irónica e um profundo sentimento de ternura perante o mundo constituem duas marcas que podemos encontrar na sua escrita.
Traduziu para português poemas de Jorge Luís Borges, Matsuo Bashô, Li Po e Appolinaire. Organizou também a antologia O Vinho e as Rosas (1995).
Mais recentemente, Jorge Sousa Braga publicou os seguintes livros de poemas:
Fogo sobre Fogo (1998)
Herbário (1999)
A Ferida Aberta (2001)
O livro Herbário, com desenhos de Cristina Valadas, corresponde a uma incursão no campo da escrita para crianças e foi distinguido com o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.
Sobre o último livro de Jorge de Sousa Braga escreveu o crítico Fernando Pinto do Amaral tratar-se de um «ciclo de 24 poemas que giram em torno da mulher (ou das mulheres) e daquilo que define mais especificamente o género feminino».
© Instituto Camões, 2001
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