o corredor é longo na casa antiga
vai de um extremo a outro da vida em
comum
dos seus foscos habitantes
luzes poucas encurtam a
lentidão do caminhar
sugerem sombras como o vento
que arrepia as ondas do mar
no início uma porta depois da
outra
a da entrada
é o espaço das visitas
à direita a sala
à esquerda o quarto
depois outra porta ao fundo
resguarda a zona dos
cozinhados
entre estes dois locais
a vida vive-se um pouco
talvez mais que isso
se calhar
a casa é um armazém de falas
de pensamentos esfumados
de passos cuidadosos
de cheiros
a natais mal digeridos
uma casa viva como os que
a habitaram
a casa que também nasceu e
morre devagar
exalando os suspiros guardados
a casa que se retrai até ao
último alicerce
a casa a sépia numa
fotografia fora do tempo
dos tempos
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 19 horas
1 comentário:
Fez-me recordar uma casa onde eu passei a minha adolescência.
Um corredor enorme com uma janela no fim...
Saudades?
Algumas...
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