cada manhã o vento varre a luz matinal engolindo
nas suas fauces o temor das crianças
o gorgulhar das águas tempestuosas
e sonha-se com os invernos de gelo e neve
chuvas furiosas sobre lagos escurecidos
lagartos verdes enregelados
andorinhas que voam para o calor
flores por nascer frutos ainda remotos
arranha-se uma qualquer melodia num piano
envelhecido e renitente melancólico quanto baste
os dedos hesitam sobre o teclado desistem
coçam a cabeça abandonam os sons suspensos
na atmosfera ainda quente da noite passada
o telefone parece retinir impernitentemente
abafando a tosse do ancião à porta da cozinha
os gatos estão milagrosamente quietos
cheira a café
mfs
jack gilbert / prometido
-
Ouves-te a caminhar pela neve.
Ouves a ausência dos pássaros.
Uma quietude tão completa, que ouves
o sussurrar dentro de ti. Sozinho,
manhã após manhã, e ...
Há 13 horas





Sem comentários:
Enviar um comentário