às vezes nas madrugadas húmidas sem luz sem calor
apetece-me correr pelos caminhos semeados de pirilampos
saltar nas crateras lunares galgar as montanhas de marte
deixar crescer as pestanas até que saias das minhas pupilas
plantar flores carnívoras no meu jardim aquático rodar a bolha
transparente em que vivo na direcção das trevas cheias de monstros
afundar os pégasos do meu quarto secreto labiríntico e flutuante
inventar outros sossegos outros emaranhados de fios de aranha
às vezes quando vejo a minha imagem no espelho escondido no sótão
ouço o cantarolar das portas que se fecham sobre o azul nublado
sinto crescer nas minhas espáduas as asas há muito perdidas
fecho os olhos sem pestanas de pupilas inexoravelmente vazias
de mim
mfs
miguel torga / flor da liberdade
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Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós… Também nós… E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes,
Liberdade!
Liberdade...
Há 4 horas