Fuga da Morte
leite negro da madrugada bebemo-lo ao entardecer
bebemo-lo ao meio-dia e pela manhã bebemo-lo de noite
bebemos e bebemos
cavamos um túmulo nos ares aí não ficamos apertados
Na casa vive um homem que brinca com serpentes
escreve
escreve ao anoitecer para a Alemanha os teus cabelos
de oiro Margarete
escreve e põe-se à porta da casa e as estrelas brilham
assobia e vêm os seus cães
assobia e saem os seus judeus manda abrir uma vala
na terra
ordena-nos agora toquem para começar a dança
Paul Celan
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 19 horas
1 comentário:
Paul Celan (Cernăuţi, 23 de novembro de 1920 — Paris, 20 de abril de 1970) foi um poeta judeu romeno radicado na França.
Seu verdadeiro apelido de família era Antschel (ortografia alemã) ou Ancel (ortografia romena). Celan é um anagrama da ortografia romena.
Sobrevivente do Holocausto, Celan foi um dos mais importantes poetas modernos da língua alemã.
(da Wikipedia)
Durante a ocupação nazista, seu pais, judeus alemães, foram presos e mortos em campos de concentração. Ele também foi aprisionado, mas conseguiu fugir e passou a viver na União Soviética. Terminada a guerra, voltou à Roménia, de onde rumou para Paris, onde se estabeleceu e suicidou-se, em 1971. Sua obra, das mais importantes da lírica alemã contemporânea, reflecte o Holocausto. Inclue os livros Papoula e Memoria, De Limiar a Limiar, A Rosa-ninguém, Giro de Fôlego e Grade de Linguagem, além de traduções de poetas franceses e russos para a lingua alemã.
(da Folha de S.Paulo)
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