às vezes nas madrugadas húmidas sem luz sem calor
apetece-me correr pelos caminhos semeados de pirilampos
saltar nas crateras lunares galgar as montanhas de marte
deixar crescer as pestanas até que saias das minhas pupilas
plantar flores carnívoras no meu jardim aquático rodar a bolha
transparente em que vivo na direcção das trevas cheias de monstros
afundar os pégasos do meu quarto secreto labiríntico e flutuante
inventar outros sossegos outros emaranhados de fios de aranha
às vezes quando vejo a minha imagem no espelho escondido no sótão
ouço o cantarolar das portas que se fecham sobre o azul nublado
sinto crescer nas minhas espáduas as asas há muito perdidas
fecho os olhos sem pestanas de pupilas inexoravelmente vazias
de mim
mfs
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 17 horas