domingo, julho 01, 2007

farinelli

no arte está a dar o filme farinelli
aquela voz parte humana
de dois cantores de ópera
parte fabricada em computador
causa emoções que não se explicam
apenas se vivem


sou eu que
todas as noites
abro a janela da
fachada sul
e contemplo
o brilho das águas
do rio que corre
como a voz de farinelli
provocando em mim
estranhos sobressaltos
êxtases e dores

sou eu que todas
as manhãs abro
a janela da fachada
norte
e chamo as aves
que desenham
o destino
do dia
no cenário
abobadado

a voz
a voz de farinelli
persegue-me
como uma doce
fatalidade
uma benção
um bálsamo

os pássaros levam no seu bico
os gorjeios do castrado
estendem cortinas de azul
abrem fendas
trilham amores
desconhecidos sentimentos
loucuras

amores
amores

m.f.s.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu também tenho saudades


"não sei do quê
não sei se de alguém..."

E comecei mais cedo...

Anónimo disse...

Farinelli (Puglia, 24 de janeiro de 1705 - Bolonha, 15 de julho de 1782), é como era conhecido Carlo Broschi, lendário cantor de ópera do século XVIII, o mais popular e bem pago cantor de ópera da Europa. Famoso também por ser "castrato" – foi castrado na infância para preservar a voz aguda, prática, comum na época, a que eram sujeitos alguns cantores.

Sua extensão vocal abrangia do Lá2 até Ré6, como escreveu Johann Joachim Quantz: "Farinelli tem uma voz de soprano ligeiro, completa, rica, luminosa e bem trabalhada, com uma extensão que abrange desde o Lá debaixo do Dó central a Ré três oitavas acima do Dó médio... Sua entonação era pura, seus vibratos maravilhosos, seu controle sobre sua respiração era extraordinário e sua garganta muito ágil, porque cantou os intervalos mais amplos rapidamente e com a maior facilidade e firmeza. As passagens das obras e todo tipo de melismas não representaram dificuldades para ele. Na invenção das ornamentações livres nos adágios foi muito fértil."
(Wikipedia)