a loja das distribuições está pronta a ejectar mais uns embrulhos prendados
acumulá-los nas traseiras de carripanas mal-cheirosas perdidas as cores
o motorista ressona no seu pedestal fronteiro à capela de uma só imagem
pendurada junto ao vidro sebentoso nublado amarelo quase opaco
da dianteira do móvel caquético recolhido de um qualquer ferro-velho
das suas narinas saltam roncos suspiros odores de sonhos avinhados
dos cabelos caem pingos microscópicos de gorduras centenárias
um garoto de orelhas monumentais observa as golfadas do dorminhoco
ri sorrateiramente nas pupilas cor de azeitona verde os cabelos imóveis
aprisionados na perpétua aversão à mãe água da torneira ou de qualquer fonte
com gestos de relâmpago puxa de um apito inaudível no som
e lança uma onda fortíssima que fura os ouvidos do homem que sonha
num sobressalto misturado de culpa flagrante o homem põe a alimária a trabalhar
dá-lhe um solavanco em frente e atropela o duende do apito de som inaudível
ladrou o assassino malgré lui mostrando a todo o mundo a sua ascendência canina
m.f.s.
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 19 horas
1 comentário:
Sugestão de um admirador leigo:
Estes escritos, acompanhados por ilustrações apropriadas, da autora, dariam certamente um interessante livro.
Valerá a pena tentar?
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