as coisas acontecem ao alvorecer
com as praças ainda vazias de pássaros
os olhos das crianças por abrir
as mães enroladas em suas camisas
os pais em profunda soturnidade
as formigas ordeiramente em carreiros
centopeias aprisionadas nos lavatórios
bonecas de olhos abertos sob as camas
leves poeiras sobre os móveis
zumbidos de surdos em ouvidos de surdos
uma gota de chuva tresmalhada
folhas velhas que nos fitam das altas copas
sapatos desamparados
relógios que fenecem sem impulsos motivadores
osgas bamboleando-se nas paredes com rugas
longas patas de mosquitos soltas nos ares
do alvorecer
m.f.s.
emanuel jorge botelho / claro/escuro
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faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 8 horas
1 comentário:
Estas imagens sugerem-me memórias que são também minhas...
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