a erva que piso reverdece os meus pés
formigas abandonam a presa rapidamente
deito rajadas de ventos furiosos
sobre os azuis marinhos
e deixo-me adormecer em sonhos de nuvem
enxoto os pombos que me tolhem os passos
obrigo-me a um sorriso para a flor que
inclina a corola
empunho as águas com que alago as ruas
espalho flashes de perfumes em lata
recuo enquanto sereia
avanço enquanto potro de marfim
pergunto ao outro como é o meu rosto
ninguém responde
fito o tigre que se liberta
arranco-lhe as listas
com que faço tranças de ouro
o cadáver na porta de entrada faz um
sorriso incandescente
inquieto-me com o rugir das crianças
desenho
desenho um paraíso de linhas negras
finas linhas negras de grafismos
encantatórios
corto as linhas em pontos
tinjo os pontos de coral
espalho sobre o papel
a cor do infinito
m.f.s.
isabel meyreles / o livro do tigre
-
II
Existe em Lisboa
uma máquina cruel
que permanentemente aguça
os dentes virtuais
na alma indecisa
dos pobres mortais.
Esta m...
Há 13 horas
3 comentários:
Para mim, do que tenho visto, foi este o melhor que escreveste.
Estavas inspirada. Parabéns!
Muito boa poesia como sempre.
:D
Isabel
Obrigada a ambos pela gentileza :)
Enviar um comentário