abanou a cabeça como se sobre ela pairasse a ave das penas rubras
o bico aberto para dele sairem os galanteadores gorgeios
as asas encurraladas no exíguo corpo de arlequim desviado
patas de garras domesticadas às vezes nas planícies
dentro do burburinho dos anónimos pensadores
corpo nú em modelados músculos
o punho sob o peso do queixo que dos olhos desconhece os vislumbres
abanou os ombros anquilosados nos casacos de fria textura
as comédias de verão desenhando-se paulatinamente
nos acordados sonhos de inverno hibernador
os cabelos em volutas desmanchadas com brilhos de cinza de páscoas
os pés impacientes no cucuruto dos montes sem alentejos
as rochas que pedem permissão para rebolarem pelas encostas
estacou na vitrina embaciada do café provinciano
em praceta vaidosa de repuxos municipais eleitoralistas
desviou a mente os olhos as mãos todo o periclitante corpo
da tentação do recanto aconchegador dos braços estendidos
da mãe morta há vinte anos nos brasis interiores
apagou-se o reflexo no vidro rachado dos olhares curiosos
e assim partiu o sebastião esperado o holandês voador atracado
na aldeia cheia de túlipas roxas os bandarras calados enfim
mfs
manuel alegre / lusíada exilado
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Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
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Há 20 horas
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