AUTO-RETRATO
Este retrato tem barulho de escada rolante
que se cala em movimento
o chão dos achados
rodeia o mapa de flores pesadas
e os degraus germinam nos pés
à cata de gente média
passageira imóvel dos factos
cresce com o excesso latino
a morte vitalícia de um céu mecânico
a espera é d'aço menino
como um século corporal
vestido de santos e arcanjos
entre os pardais da cama
os troféus escondem os donos
e pensam grosso à sobremesa
sou um homem casado
com dois ou três princípios
que não têm fim.
Boaventura de Sousa
Madison e Outros Lugares
Edições Afrontamento
1989
emanuel jorge botelho / claro/escuro
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faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
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