quarta-feira, agosto 15, 2007

escrito

ando de pedra em pedra soltas as dissonâncias
dos tempos em tumultuosos arremessos
as cantorias pelos socalcos soltam os
assobios das serpentes
as cascatas apressam as suas águas

tenho de apagar a luz

tenho de fechar as torneiras
limpar as janelas
escorraçar as baratas voadoras
sorrir às formigas
varrer o quintal

lavar a louça
a roupa
o corpo

talvez a alma

suspendo-me das músicas nos terrenos
baldios
agarro escrupulosamente uma rajada
direcciono um raio
para o crocdilo
à minha janela

fecho os olhos

abro os olhos
sobre os vulcões de suspiros

penteio displicentemente
os cabelos

m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

É tão bom imaginar alguém trabalhando assim.


Gostei mais destas imagens:

..." sorrir às formigas"
..................
" penteio displicentemente
os cabelos "