sábado, agosto 04, 2007

escrito

um ruído aos soluços
que impregna de libélulas
azuis
o ar das praias quentes

as gotas de cristalino suor
nos rostos rosados
das brancas raparigas

o sol
o forno celeste
as névoas tremeluzentes
que sobem dos alcatrões

o grande êxodo
das formigas
e das cigarras
para areias finas
e loiras

o desejo exigente de
mergulhar
nos céus afastados
nos intervalos
entre galáxias

a pressa de correr
pelas sendas ainda verdes
nos matagais
rumorosos
de insectos felizes

o virar do rosto aos suaves
ventos dos cimos
a captação dos
odores

das visões entre dois
espaços
das melancolias
passageiras
intermitentes

as recordações
improváveis de
outras vidas
noutros tempos
de pazes e guerras
olímpicas

vozes que se distanciam
nos corredores abertos
das paisagens
vídeo-construidas
e coloridas

virar
virar à esquerda nesta
premente
e permanente
agonia do nunca
do apenas esboço
do não planeável
do indizível
e invisível

invisível

m.f.s.

1 comentário:

Anónimo disse...

Belas imagens!

Dá para eu as sentir
e viver um pouco...