enrosco-me por dentro
para apertar o espaço
torná-lo intransponível
inabitável
espanto o sono que me pesa
nos olhos
que me arrasta para o
mar avermelhado das
profundidades oníricas
que me nubla a lucidez
me automatiza
em dormência paralizante
me fecha as aberturas
as frinchas
as passagens para
outras nuvens
neste leito de alecrim
em que rescendem as
derradeiras aragens
onde os pássaros endoidados
rasam as cabeças dos voláteis anjos
das planícies mornas
de um qualquer planeta
onde o desenho da paisagem em procela
rasgada
de vidros em rajadas de vozes
roucas
molhadas
se imprime nas pupilas
lá
sempre lá
onde se espera a chamada final
para as dimensões límbicas
dos purgatórios incandescentes
fecho-me
manuel alegre / lusíada exilado
-
Nem batalhas nem paz: obscura guerra.
Dói-me um país neste país que levo.
Sou este povo que a si mesmo se desterra
meu nome são três sílabas de trevo.
...
Há 20 horas
2 comentários:
"...espanto o sono que me pesa
nos olhos...
... em dormência paralizante..."
Este poema retrata-me bem,
nos meus fins de serão,
solitários,
no silêncio da casa,
quando caminho com movimentos automáticos e incertos,
meio inconsciente,
entre o sofá e a cama,
mas sentindo-me bem
neste crepúsculo da consciência.
Encantos das minhas noites...
Enviar um comentário