sábado, fevereiro 16, 2008

escrito

eu ouvi o canto das doninhas
quando o
vento se levantou e
deitou ao chão
as nuvens
fugitivas dos
estios infernais

eu ouvi

eu vi as faces dos canídeos
que pelas estepes pululam
e cheiram todos os odores
presos em ínfimas partículas
e correm atrás das refeições
de quatro patas
prestes a ser devoradas

eu vi

as sombras inefáveis
dos pensamentos tardios
dos amores escondidos
dos supérfluos manequins
nas janelas citadinas
dos autómatos friorentos
nas ruas nordestinas

senti o estremecer das
dores inevitáveis
que maculam as almas
deitadas nos gelos
da indiferença

apaguei

apago as memórias efervescentes
as criações expressionistas
das inocentes libélulas
no seu valsar azul
cobalto


mfs

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