quando canto na inaudível expressão de uma voz por despertar
ecoa sobre as águas o caminhar dos profetas da minha epifania
levanta-se do mais recôndito e indómito lugarejo por habitar
o esplendor das aves em bandos musicais quais fadas por inventar
cresce no meu peito ressequido e esmagado de desolação
o grito tracejante como bala de guerrilheiro independentista
que como um míssel buscador acerta no centro de cada alma
em sofrimento
as manchas que me cobrem o espírito alagam as atmosferas
envolventes
cinzelam silhuetas de dinosauros astutos de olhar em rubis
pré-históricos
no meu refúgio espreito o desmoronar desta estrutura
em que se esconde
a minha vida desfolhada de alvas asas angelicais
revejo as estradas com as minhas pegadas petrificadas
e esmorecidas estrelas nos charcos refrescantes dos outonos
o leve adejar de insectos determinados nos seus destinos
o bichanar das papoilas entre os trigos estivais
trevos que iluminam os campos humedecidos
e o que procuro está aqui dentro de mim pacientemente
à espera
serenamente estruturando a minha essência em golfadas
de azuis celestes
porque é em mim que me resido nas noites sem sentido
nos dias embaciados do meu firmamento nublado
onde vivo antes de viver
onde para sempre me irei e voltarei
mfs
emanuel jorge botelho / claro/escuro
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faço o quê com a amargura?
guardo-a no bolso,
ou ponho sobre ela o peso de um dia aziago?
talvez o mar me salve, ou me converta,
talvez a terra seja o ...
Há 9 horas
1 comentário:
"porque é em mim que me resido nas noites sem sentido"
Gostei em especial
Frisco
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